Nota de pesar: Cremeb lamenta falecimento do médico e cientista Elsimar Coutinho
17 de agosto de 2020
É com enorme pesar que o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) recebe a notícia de falecimento do médico e cientista Elsimar Metzker Coutinho, que morreu hoje (17), aos 90 anos, em São Paulo. Uma das maiores referências em reprodução humana e planejamento familiar do mundo, o médico estava internado com COVID-19 desde 20 de julho, sendo hospitalizado inicialmente no Hospital Aliança, em Salvador, e depois transferido para o Hospital Sírio-Libanês (SP).
Natural da cidade de Pojuca e formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), em 1957, Dr. Elsimar Coutinho, que também era graduado em Farmácia, dizia que a sua paixão pela medicina era uma herança. “De certa forma, fui influenciado pelo meu pai, Elsior Coutinho, que era médico, farmacêutico e professor de farmacologia. Ele ensinava como extrair remédios das plantas, coisa que meu avô fazia, apesar de não ser formado. Meu avô era um prático da medicina e meu pai, com certeza, inspirou-se nele”, declarou ele, em seu site oficial na internet.
Com pós-graduação em Endocrinologia na Universidade de Sorbonne, em Paris (França) e no Instituto Rockfeller, em Nova York (EUA), o cientista baiano desenvolveu um currículo admirável durante mais de seis décadas dedicadas à medicina. Como professor e pesquisador da Ufba, Dr. Elsimar fez suas descobertas mais notáveis. Nos anos 60, após observar pela primeira vez os benefícios da supressão da menstruação, o médico revelou o primeiro anticoncepcional injetável de uso prolongado, tema polêmico até os dias atuais.
Dr. Elsimar Coutinho também foi responsável por lançar outros métodos contraceptivos, entre os quais se destacam os injetáveis, as pílulas para uso oral e vaginal, os implantes hormonais subcutâneos e o anticoncepcional masculino. Além da sua atividade na área de pesquisa e acadêmica, o médico atuava em várias sociedades médico-científicas no Brasil e exterior, chegando a ser membro de mais de 30 sociedades médicas e conselheiro da Organização Mundial de Saúde.
Ele também foi responsável por publicar e editar mais de dez livros, entre eles o livro “Menstruação, A Sangria Inútil”, publicado em 1996, já na sua oitava edição. Em Salvador, Dr. Elsimar Coutinho fundou o Centro de Pesquisas e Assistência em Reprodução Humana (CEPARH), localizado na Federação, onde atuava como presidente. Além da capital baiana, ele atuava em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
“O sentimento da Bahia médica é grande e se justifica pelo valor científico do professor Elsimar. Fui seu aluno quando ele era assistente do Prof. Tripoli Gaudenzi, na cadeira de Química da Faculdade de Medicina da Bahia. Depois assisti à sua evolução como cientista de renome mundial nas áreas de reprodução humana e fertilidade. Há poucos meses estávamos em sessão solene da Academia de Medicina, de onde foi presidente, participando do lançamento do seu livro autobiográfico ‘Janelas Fechadas, Portas Abertas’. A medicina baiana está enlutada”, declarou o conselheiro Jorge Cerqueira, que é presidente do Instituto Bahiano da História da Medicina.
Aos familiares e amigos de Dr. Elsimar Coutinho, o Cremeb expressa seu pesar e solidariedade.