Fiscalização do Cremeb em Vitória da Conquista constata agravo da crise na psiquiatria
A fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) em dois hospitais de Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, constatou que a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia retirou paciente psiquiátricos de uma instalação especializada e colocou em uma unidade que não possui condições plenas para assumir a demanda.
Realizada pelo delegado regional do Cremeb no município, Dr. Luis Cláudio Carvalho, a vistoria constatou, no mínimo, sete pendências a serem corrigidas em caráter de urgência no Hospital Crescênio Silveira (HCS), que passou a abrigar os internos do Hospital Especializado Afrânio Peixoto, transferidos no dia 10 de abril.
As inconformidades foram relatadas pelo próprio corpo clínico do HCS e revelam que o remanejamento proposto pela Sesab não está preocupado com a qualidade do serviço prestado à população. A unidade é registrada no Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (CNES) como exclusivamente ambulatorial, não tendo as condições mínimas de internar pacientes em surtos psiquiátricos.
A fiscalização reiterou o posicionamento do Cremeb, que se coloca veementemente contra o fechamento de quatro hospitais psiquiátricos pela Sesab, e, no caso de Vitória da Conquista, realocando os enfermos em unidade despreparada para um atendimento especializado, como requer o psiquiátrico.
Vale lembrar ainda que o estado da Bahia, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), tem apenas dois leitos de saúde mental em hospitais gerais, enquanto somente na capital baiana, a demanda solicita 150 leitos especializados. Segundo o coordenador de Saúde Mental do MS, Dr. Quirino Cordeiro, a Bahia apresenta uma das redes de atenção psicossocial mais precárias do país.
Na tentativa de reverter esse caos instalado no setor, que tende a se agravar com o fechamento do Hospital Juliano Moreira e do Hospital Especializado Mário Leal em Salvador, do Hospital Especializado Lopes Rodrigues, em Feira de Santana, o Cremeb, juntamente com o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed) e a Associação de Psiquiatria da Bahia, solicitou uma audiência com o Ministério Público Federal, que já está agendada para o próximo dia 27.
Os sete problemas apontados pelos médicos do Crescênio Silveira são:
a) os consultórios são pequenos e não há espaço suficiente na sala de espera para aguardarem a consulta;
b) a grade que isola o lado do internamento psiquiátrico está sempre aberta, gerando risco permanente de tentativas de fuga;
c) as portas dos quartos precisam ser trocadas, pois as atuais podem ser trancadas por dentro pelos pacientes;
d) há vidros em todas as janelas que podem ser quebrados pelos internos e usados como arma;
e) redistribuir pacientes de média e baixa complexidade para a rede municipal, pois o número atual prejudica a qualidade da consulta psiquiátrica;
f) ampliar o refeitório dos pacientes, já que as refeições estão sendo feitas por grupos de seis pacientes;
g) instalar reservatório de água, uma vez que a região está em racionamento e o atual reservatório não é suficiente.