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Ciência ou charlatanismo: Dr. Raymundo Paraná publica artigo sobre práticas integrativas no A Tarde

21 de maio de 2018

O médico especialista em hepatologia e professor titular de Gastro-Hepatologia da UFBA, Dr. Raymundo Paraná, publicou um artigo no jornal A Tarde que propõe uma reflexão sobre “práticas não científicas, equivocadamente chamadas de alternativas ou integrativas”, como sugere o próprio teor do texto publicado. Em tom de crítica e reprovação às ‘práticas’ referidas, o médico se insere no debate que ganhou força e veio à tona devido a medida do Ministério da Saúde, no início de março deste ano, de incluir 10 novas práticas integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Já os profissionais de saúde de fato continuarão angustiados com o sofrimento dos usuários do SUS. Enquanto um paciente com câncer de fígado espera mais de seis meses por uma Qumioembolização para mantê-lo ativo na lista de transplante, enquanto pacientes com calculo biliar penam para conseguir uma cirurgia, o SUS oferecerá práticas sem comprovação cientifica”, opina em seu artigo, Dr. Raymundo Paraná.

Confira abaixo o conteúdo na íntegra:

 

A medicina sofre constantes ataques de práticas não científicas, equivocadamente chamadas de alternativas ou integrativas. A propaganda aética por parte de sites e de alguns profissionais é armadilha para capturar presas humanas, mas também explica a popularidade desses modismos. Já o dinheiro fácil estimula profissionais inidôneos a usufruírem dessas práticas sem pudor.

A situação é estapafúrdia, mas conta com a inocente simpatia de parte da população. Pessoas adoecem por acreditar ou deixam de fazer tratamentos eficazes para se submeter a estas caras práticas. Habitualmente, o prescritor omite os riscos, sobretudo quando o assunto é emagrecimento ou modelagem do corpo. A isso se juntam as prescrições inseguras de suplementos proteicos, fitoterápicos e formulas com numerosas substancias potencialmente tóxicas. O risco pode ser cumulativo e tardio, como ocorre com o uso de Anabolizantes, fitoterápicos e suplementos.

No diagnóstico, vemos caros exames solicitados no atacado. Os numerosos exames são tão desnecessários e distantes de uma linha de raciocínio clinico que nos faz suspeitar de outros motivos para a sua solicitação.

Em adição, exames de cabelos/unhas, gotas de sangue, testes da Iris e de intolerância alimentar são exemplos do abuso. Já as lavagens intestinais, a autohemoterapia e a desintoxicação do fígado, completam o descalabro.

Infelizmente, o Ministério da Saúde promove algumas dessas práticas no SUS. Cedeu à pressão setorizada, mas é preciso entender qual o real interesse motivador. Seguramente não foi a defesa do SUS, tampouco dos seus usuários.  Não tardou para que prescritores destas práticas em consultórios privados usassem o argumento: “se o SUS permite é seguro”. Estarão ungidos pelo Ministério da Saúde.

Já os profissionais de saúde de fato continuarão angustiados com o sofrimento dos usuários do SUS.  Enquanto um paciente com câncer de fígado espera mais de seis meses por uma Qumioembolização para mantê-lo ativo na lista de transplante, enquanto pacientes com calculo biliar penam para conseguir uma cirurgia, o SUS oferecerá práticas sem comprovação cientifica.

Impossível qualquer tolerância à enganação, atentando contra a rigidez cientifica que o próprio Ministério impõe para incorporar novas tecnologias em saúde. São dois pesos e duas medidas inexplicáveis!

 

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