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Coronavírus: Cremeb entrevista infectologista para responder as principais dúvidas. Confira!

31 de janeiro de 2020

O avanço do surto de Coronavírus, que começou na cidade chinesa de Wuhan e, até esta sexta-feira, dia 31, já infectou mais de 8 mil pessoas em ao menos 18 países, tem despertado uma série de dúvidas, principalmente sobre a real gravidade da situação. Para sanar alguns questionamentos sobre esse vírus, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) entrevistou o infectologista Alessandro Farias. Confira!

 

A OMS declarou o novo Coronavírus como “emergência de saúde internacional”. Qual a situação do Brasil hoje?

No Brasil, até hoje (31) só existe suspeitas do novo Coronavírus. Embora não haja motivo para pânico, devemos ficar alertas. Uma coisa é fato: no mundo globalizado, com a facilidade de viajar de um lugar para o outro, o vírus chegará ao Brasil. É importante acompanhar as informações dos órgãos oficiais a fim de não propagar fake news, o que pode levar a um desespero desnecessário.

 

O Coronavírus é um vírus novo?

Não. Este vírus faz parte de uma grande família de vírus já conhecida e capazes de causar desde resfriados comuns até quadros de pneumonia com ou sem dificuldade para respiração, como os já ocorridos previamente Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). O novo Coronavírus é uma variante de vírus já conhecidos e que até o momento não tinha sido identificado.

 

Estamos a menos de um mês para o Carnaval, que atrai turistas do mundo inteiro. Há uma possibilidade real de propagação da doença ou ainda não há motivos para alarde?

Uma vez que a classificação de risco esteja elevada em teoria, a possibilidade de detecção de caso novo no Brasil e aqui em Salvador é alta e pode acontecer a qualquer momento, sobretudo em períodos de grande aglomeração. Em períodos de festividades é bastante comum chegada de novos vírus na comunidade, como já tivemos no passado diversos tipos de vírus causadores de diarreias, conjuntivites, resfriados e gripes, após o Carnaval.

Epidemiologicamente até já se espera, infelizmente, o aumento de casos destas viroses e infecções sexualmente transmissíveis como HIV, Sífilis, Gonorreia. Sarampo também permanece em alerta, além dos vírus Zika, Chikungunya e Dengue.

 

Qual a sua recomendação para as pessoas que não abrem mão de curtir a folia?

Esta é uma interessante pergunta, pois diversas estratégias podem ser tomadas para se evitar aquisição de infecções em geral e ou evitar que as transmita para outras pessoas.

Se uma pessoa está doente, esta deve permanecer em casa e sair somente se for para receber cuidados médicos. Sempre que possível, afastar-se até dos familiares, priorizando dentro das possibilidades banheiro exclusivo, quarto privativo, evitar compartilhar itens domésticos; lavar as mãos todas as vezes que houver oportunidades; se estiver tossindo pode usar uma máscara cirúrgica, desde que não tenha desconforto em usá-las; monitorar os sintomas de febre e tosse, se melhorando ou não para decidir melhor a necessidade de visitar o médico.

Porém, se não estiver adoecido, ao curtir a folia, os cuidados são de tentar deixar as mãos higienizadas sempre que possível; não tocar as mãos em mucosas dos olhos, boca ou nariz; ter uma boa hidratação e um bom descanso após a diversão.

 

Para esses foliões e, de certa forma, para as pessoas em geral, existe algo a fazer desde agora para reforçar a imunidade e evitar que seja acometido pelo vírus?

Um bom reforço para a imunidade é ter seu acompanhamento adequado com seu médico, controlar as doenças já existentes, controlar a glicemia para aqueles que são diabéticos, estar em dia com as vacinas recomendadas para os adultos, como Gripe, Sarampo, Rubéola, Caxumba, Tétano, Difteria, Coqueluche, Hepatite B, HPV, dependendo da idade e do contexto clínico.

 

Por falar nisso… quais os principais sintomas após adquirir o Coronavírus?

Em termos de Coronavírus, mas não exclusivo dele, pois, diversos vírus podem ter comportamento clínico semelhante, como Influenza (Gripe), os sinais e sintomas principais são febre, tosse, presença ou não de dificuldade para respirar, juntamente com as informações de viagem para locais sabidamente com casos da infecção, ou contato com pessoas sob investigação clínica desta doença.

 

As informações divulgadas sugerem que o Coronavírus é mais virulento ou agressivo do que outros vírus. Essa percepção procede?

Na verdade, a agressividade ou virulência deste microrganismo está sob investigação ainda, os dados são incipientes, pois é uma situação ainda não bem esclarecida. Mas, em termos gerais, a mortalidade tem sido maior em pessoas com idade mais avançadas e aquelas pessoas com alguma doença crônica.

 

Como é feita a transmissão e quais os cuidados que podem ser tomados para evitar contrair o vírus?

Os Coronavírus são comuns em diferentes espécies de animais como Camelos, Gatos e Morcegos. Nas epidemias anteriores destes vírus a disseminação ocorreu, em geral, quando o contato pessoa-pessoa era em ambientes fechados.

Este é um momento de atenção para toda a população, gestores e equipes de Saúde; medidas básicas de higiene sempre fizeram grandes diferenças.

Lavar as mãos com água e sabão ou, se não disponível, utilizar Álcool a pelo menos 60%; evitar tocar nas mucosas com as mãos não lavadas; evitar contato com pessoas tossindo; cobrir as vias aéreas com um lenço ao tossir, jogando fora logo em seguida o mesmo e, novamente, higienizar as mãos; limpar e desinfetar locais ou superfícies que são frequentemente tocadas são algumas das ações que devem ser interiorizadas na prática diária.

 

Em suspeita de ter contraído o Coronavírus, como proceder?

Independente do Coronavírus, pois qualquer um pode ter contato com qualquer pessoa que possa estar doente com uma doença respiratória, o essencial é observar a presença de sinais e sintomas de doença. Sintomas e sinais leves, sem sinais de gravidade ou sinais de alerta, em geral devem ser observados em domicílio. Sinais de alarme, por outro lado, devem ser imediatamente valorizados e procurar o serviço de emergência é o mais prudente. São sinais de alerta: cansaço respiratório, dispneia ou falta de ar, redução do volume de urina, vômitos, sangramentos em qualquer localização do corpo, alteração do nível de consciência ou desorientação, tontura e diminuição da pressão arterial. Sinais assim exigem avaliação médica imediata.


Por fim, quais as orientações para os profissionais de saúde que estão na linha de frente, em contato com os pacientes?

Em geral, os médicos que trabalham em emergências são os primeiros a identificar a entrada na comunidade de um novo vírus e também são os mais expostos a aquisição da doença, juntamente com outros profissionais de saúde, se estratégias bem documentadas de precauções não forem obedecidas. Os equipamentos de proteção individual existem para serem utilizados sempre que necessário. Uso de máscaras cirúrgicas comuns é sempre recomendada em situações de risco de infecções respiratórias. As máscaras com filtro, como a N95, devem ser utilizadas em atendimento a pessoas com suspeitas de Tuberculose, Sarampo ou Varicela, em pacientes com estas viroses, como é o caso do Coronavírus, se algum procedimento de risco maior for necessário como intubação oro traqueal, aspiração de secreções em vias aéreas, uso de Ambú, assistência numa parada cardiorrespiratória, ou ventilação não invasiva.

Por fim, notificar doenças classificadas como obrigatórias são um importante dever desta equipe como um todo, pois, baseados nestes dados, será possível estabelecer estratégias de controle, captação de recursos, discussão com gestores e desta forma controlar mais rapidamente a doença em questão.

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