Conheça nossas redes sociais

Notícias

Vitória da mobilização: exoneração de gestora traz alívio para médicos e funcionários da UPA Mãe Hilda

19 de outubro de 2020

Foi exonerada, a pedido, a Sra. Queila Alves Araujo, ex-gestora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mãe Hilda, que fica no bairro do Curuzu, após várias denúncias feitas pelo Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), que contou todo o tempo com o apoio e mediação do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).

A presidente do Sindimed, Ana Rita de Luna, explicou que recebeu, por parte dos médicos que trabalham lá, queixas de assédio moral e conduta irregular por parte da Sra. Queila, acompanhadas de robustas provas. “Encaminhamos todo esse material para o Ministério Público Estadual, que está apurando dos fatos”, relatou.

Em vídeos que foram entregues ao Sindicato, foi registrada uma conversa da Sra. Queila em que ela exercia pressão para que os médicos da Unidade, que tinham vínculo de emprego com a Fundação José Silveira por CLT, pedissem demissão e aceitassem ser recontratados na condição de sócios de uma pessoa jurídica, que deveria ser “ligada à gestão”. Também foram apresentadas denúncias de perseguição em que médicos, inclusive estatutários, foram designados para outros postos após discordar de decisões da Sra. Queila que, apesar de Coordenadora da Unidade, não era médica.

A pejotização e a precarização dos vínculos dos médicos com o Estado tem sido uma diretriz do Governo, que há 10 anos não faz concurso, e expandiu seus serviços de saúde contratando médicos através da pessoa jurídica da qual são sócios. Esse tratamento aviltante aos estatutários persiste quando não viabiliza a progressão no cargo, desde 2013, quando não paga URV, não reajusta salários e quando nega, àqueles que tem esse tipo de vínculo e integram o grupo de risco, o direito a serem realocados, caso estejam lotados em local que atenda paciente com COVID.

A gravidade das denúncias feitas pelos médicos da UPA Curuzu fez com que o Sindicato convocasse diversas assembleias, que contaram com a participação da presidente, Ana Rita de Luna, e da diretora de assuntos jurídicos, Izabella Athayde, da presidente do Cremeb, conselheira Teresa Maltez, e do vice-presidente do Cremeb e representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), Júlio Braga. Nelas, os médicos presentes deliberaram por indicativo de greve e estado de assembleia permanente na UPA Curuzu. A SESAB reagiu com atos de clara perseguição política. Mas o grupo soube se manter unido e forte, o que possibilitou essa vitória.

Também visitas sucessivas do Sindimed em conjunto com o Cremeb mostraram a precariedade das instalações da UPA do Curuzu.

No dia 05 de outubro, o Sindimed, na presença da presidente e do diretor Dr. Gilvandro Almeida Rosa, voltou a protestar e denunciar o assédio e as más condições de trabalho no local, deixando claro o repúdio às práticas truculentas da gestão.

Independentemente da exoneração, a apuração dos fatos relatados pelo Sindimed terá seguimento junto ao Ministério Público do Estado da Bahia (MPE-BA).

“Esse desfecho mostra que quando os médicos se unem na luta por assegurar seus direitos, todos ganham”, enfatizou a Dra. Ana Rita de Luna.

 

Fonte: Sindimed

 

Confira a mensagem de agradecimento dos médicos da UPA Mãe Hilda:

“Nós, médicos da unidade MÃE HILDA JITOLU, no Curuzu, agradecemos imensamente ao Sindicato dos Médicos, o Sindimed, por nossa grande conquista e sucesso no movimento do corpo clínico da unidade contra a desvalorização, o desrespeito e o assédio moral realizados pela EX-DIRETORA da unidade, Queila Alves Araújo.

A referida Diretora EXONERADA HOJE,16 DE OUTUBRO, assumiu a gestão da unidade em janeiro deste ano e, desde então, a unidade vem sofrendo com sucateamento, falta de insumos e materiais, infra-estrutura inadequada. No entanto, a situação tornou-se crítica após assédio e desmoralização da Enfermagem, dificuldade de acesso aos EPIs, falta de diálogo com a gestora, retaliações provocadas pela gestora e pela vice- diretora, Francisca Iaçodara, culminando com o desrespeito completo à classe médica e aos demais funcionários.

Estivemos durante este periodo sob a gestão do medo, sendo vigiados, fiscalizados e destratados.
Houve perda da autonomia no nosso trabalho, remoção de colegas, substituição sob coação do nosso estimado coordenador, Rafique Vaz.

Após a forma assediosa que o coordenador foi retirado do seu cargo pela Diretora e pelo “colega” e novo coordenador médico, infringindo, inclusive o artigo 48 do Código de Ética Médica, os médicos da unidade resolveram dar um BASTA!!!

O corpo clínico se uniu e com o apoio incondicional do Sindimed e CREMEB, lutou de forma justa, organizada e legalizada em prol da dignidade e do respeito.

Agradecemos também aos colegas médicos que não aceitaram assumir postos de trabalho na unidade enquanto o movimento acontecia assim como aqueles que foram convidados para trabalhar na unidade e que nos contactaram e se uniram à nossa luta.

Foi árduo, perdemos alguns colegas, nos desgastamos muito. Mas continuamos com o ânimo, a ajuda, a atenção, a disposição, a defesa jurídica e o crédito das Entidades de classe.

A luta ainda não acabou. Não nos sentimos representados pelo atual coordenador médico e nem pela “Vice-Diretora”.

Vamos lutar por um coordenador neutro, imparcial, sensato e consentido pelos médicos da unidade e pela SESAB.
Mas, o objetivo principal foi alcançado!!!

Agradecemos muito a todos os médicos da unidade pelo empenho, pelo esforço e por acreditarem que, unidos, coesos temos muita força e fazemos muito barulho.

Que este movimento sirva de lição e aprendizado a todos!!!

Em comemoração ao dia do médico, 18 de outubro, nós, médicos da Unidade Mãe Hilda Jitolu, fomos presenteados, atendidos e estamos muito felizes.”

 

Leia também:

Cremeb vê com apreensão as irregularidades na UPA do Curuzu e cobra posicionamento da Sesab

 

Compartilhe: