Cremeb e Sindimed fiscalizam Maternidade Climério de Oliveira e constatam condições indevidas
Motivados por denúncia informando risco de contaminação de profissionais da saúde pela COVID-19, por aglomeração de funcionários, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), juntamente com o Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), realizou fiscalização na Maternidade Climério de Oliveira, que é um hospital escola da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A unidade estava fechada para reforma há três anos e foi reaberta antes da conclusão total da reforma, em parte por conta da pandemia.
De acordo com a denúncia, não há condições para repouso dos funcionários, local adequado para alimentação, nem vestiários suficientes. “Chamou a atenção que, após três anos de reforma, a maternidade seja reaberta e só então seja detectada a falta de estrutura para acomodar a equipe de profissionais da saúde, sejam médicos ou não. Situação ainda mais crítica neste momento de pandemia”, explica o vice-presidente do Cremeb, Cons. Julio Braga, que participou da visita ao lado do médico fiscal Ricardo Fernandes.
A inspeção da unidade constatou que os quartos de repouso noturno são mínimos e permanecem superlotados, com beliches colados (seis pessoas em um quarto de 10m2), sem ventilação e/ou climatização adequadas. Mesmo considerando que as equipes não estão completas e a utilização ocorre em rodízio entre os funcionários, a estrutura é insuficiente. Por falta de armários, os quartos acabam amontoando bolsas, sacolas com refeições, sapatos e outros objetos, ficando os ambientes sujeitos a falta de higiene, quando estão trancados, e a furto dos pertences, quando abertos.
Outro problema é o tamanho e quantidade de vestiários, resultando na demora em seu uso quando o profissional chega ou sai do trabalho. Para um intervalo de almoço de uma hora, o servidor pode demorar até 30 minutos aguardando um vestiário livre para trocar de roupa. Foi constatado também que a MCO não fornece refeição no local e os funcionários não têm onde manter os alimentos refrigerados, nem onde aquecê-los. O refeitório, que já é pequeno para os servidores, ainda é compartilhado com visitantes e parentes de pacientes.
Além de desconforto, tudo isto afeta diretamente a segurança dos profissionais de saúde. “E o pior é tratar-se de um hospital-escola: um modelo que não deveria ser passado para os estudantes como normal”. Tal situação só tende a agravar quando estudantes e médicos residentes passarem a dar plantão no local e ocorrer a reabertura de algumas unidades ainda em reforma”, avalia o conselheiro vice-presidente.
Assim que finalizado, o relatório da fiscalização será repassado cobrando providências à médica e Diretora Técnica da MCO, Dra. Adriana Bruno que reconheceu os problemas e se comprometeu a lutar pela resolução; para a Superintendente e responsável principal pela unidade, a enfermeira Sinaide Coelho e também para o Conselho Regional de Enfermagem do Estado da Bahia (Coren) e outros para medidas que considerar cabíveis. Repassaremos também para a UFBA, para que avalie cautelosamente a quantidade de alunos a ser encaminhados para a MCO enquanto não forem resolvidas as pendências listadas.