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Artigo: “Fake news: um problema de saúde pública”

24 de fevereiro de 2019

Já faz tempo que a sociedade moderna passou a lidar com as falsas notícias veiculadas nas mídias sociais e nos sites de busca. A estas falsas ou deturpadas noticias chamamos de fake News.

As fake News são um desastre, pois semeiam inverdades e plantam desconfiança nos meios de comunicação. Para os mais descuidados quanto à qualidade da fonte, maioria dos usuários das redes sociais, as Fake News consolidam falsos conceitos, os quais resultam em julgamentos equivocados.

Durante a recente eleição presidencial observamos a profissionalização da fake News como ferramenta para confundir o eleitor. Este fenômeno já tinha sido anteriormente experimentado nas eleições americanas, como também tem sido preocupação nos processos eleitoras em diversos países.

O que impressiona sobremodo é o numero de fake News na área da saúde. Muito além, observamos uma despudorada propaganda de alguns profissionais liberais da área de saúde que espalham falsas notícias para autopromoção e não hesitam em expor seus pacientes como testemunhas das suas práticas aéticas.

As Fake News em saúde tornaram-se um grande negócio para profissionais inidôneos, como também para a venda de produtos e dietas modistas.

Diversas neoespecialidades, todas praticas ilegais, são criadas através das fake News e das redes sociais. Elas se respaldam em fúteis conceitos que ferem de morte a fisiologia humana, mas que seduz o paciente como o canto de sereia inebriaria os marujos. É fonte de dinheiro fácil, já farejada por profissionais com má formação técnica e/ou moral.

O leitor precisa também entender que os sites de busca têm compromisso meramente comercial. O frouxo regulatório por parte das autoridades de saúde do país facilita as propagandas inescrupulosas.

Diariamente, plantas milagrosas, dietas, medicamentos revolucionários, e propostas terapêuticas rocambolescas aparecem nestes sites, ofertando ganhos biológicos que não podem comprovar. Aliás, ao não poderem comprovar a eficácia, também não podem determinar o malefício, até porque o método cientifico que avalia beneficio e maleficio é o mesmo, ou seja os ensaios clínicos de fase 3. Estes, por sua vez, estão ausentes destas propostas terapêuticas.

As fake News em saúde não são só uma forma de estelionato. Elas adentram outros artigos do código penal tais como lesão corporal e tentativa de homicídio, pois muitas vezes os pacientes que se expõem a essas práticas, destacando hormônios anabolizantes, sofrem danos físicos irreparáveis e risco de morte.

A situação não é fácil de resolver, todavia urge algum regulatório e fiscalização, assim como a criteriosa avaliação dos custos que os malefícios dessas fake News impõem ao País.

Raymundo Paraná

Professor Titular da Faculdade de Medicina da Bahia-UFBA

Presidente da Associação Latino-Americana para o Estudo do Figado (ALEH)