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AVC: desconhecimentode é problema entre brasileiros

28 de outubro de 2015

O brasileiro não sabe quais são os principais sintomas do Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, o que dificulta sua identificação em caso de ocorrência e pode comprometer a rapidez necessária para se fazer o diagnóstico e se iniciar as etapas de tratamento em caso de crise aguda. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, que ao longo dos últimos anos tem aplicado questionários junto à população para medir o grau de percepção sobre a doença e os riscos que ela traz.

Um dado que chama a atenção é que de cada 10 entrevistados quase três não sabem identificar qualquer um dos sintomas e sinais relacionados ao AVC em sua fase aguda. Dos que citaram algum sinal, 40% mencionaram formigamento no rosto, braços ou pernas; 31% apontaram a dor de cabeça súbita de causa desconhecida; 23% a tontura, dificuldades de locomoção e falta de equilíbrio e coordenação; 22% elencaram a fraqueza nos membros inferiores e superiores; e 22% afirmaram que o doente apresenta confusão mental e dificuldade de falar ou entender.

Desconhecimento – “Os sintomas são realmente esses, mas a dor de cabeça, por exemplo, que está colocado como um dos principais sinais, não ocorre em todos os AVC e também pode indicar outra doença”, explicar o neurologista Marcel Simis, ligado ao Instituto de Medicina Física e Reabilitação da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores do estudo que este ano terá mais uma rodada no próximo dia 29 de outubro. Na data, um grupo de estudantes de Medicina e de residentes de Neurologia vão colher as impressões da população sobre o tema em pontos de grande circulação do município de São Paulo.

Nos últimos dois anos, foram entrevistadas 623 pessoas, o que permite observar uma tendência de comportamento a partir de uma amostra de conveniência. O grupo foi questionado sobre pontos como, a capacidade de definição da doença, de identificação de seus sintomas e da compreensão sobre as medidas de prevenção. Desses, 27% afirmaram não saber o que era o AVC ou derrame. “É um percentual muito grande. Até porque esta é uma doença que vai atingir uma a cada seis pessoas. O ideal é que todos saibam o que é o AVC, pois a pessoa pode sofrer um, ou conhecer alguém que venha a ser atingido”, afirma Simis.

Prevenção – Sobre as medidas de prevenção chamou a atenção no trabalho realizado o percentual significativo de pessoas (23%) que não sabem citar ao menos uma medida que ajuda a evitar o aparecimento do AVC. Por outro lado, o grupo que indicou conhecimento de algumas dessas atitudes foi capaz de relacionar nove delas. A mais citada foi a adoção de alimentação saudável (56%). Na sequência, vieram: atividade física (50%); controle da pressão arterial (32%); evitar a gordura no sangue (18%); evitar o diabetes (9%); combater a obesidade (14%); evitar o fumo (21%); evitar o álcool em excesso (15%) e combater o estresse (21%).

As conclusões com base em dados coletados em 2013 e 2014 também sugerem a dificuldade dos entrevistados em agir diante do problema. Para 32% deles a reação diante de um AVC seria uma incógnita, pois não saberiam o que fazer caso alguém próximo tenha um. “Isso é muito grave. Infelizmente, as pessoas têm uma tendência a esperar que a dor passe e no caso do AVC não dá para aguardar, pois quanto maior a demora, maior a região do cérebro a ser atingida”, alerta Simis. Dos que informaram uma atitude, 66% procurariam um pronto socorro e apenas 2,6% sabiam da importância de consultar o relógio para anotar a que horas os sintomas começaram. Essa prática é fundamental para que o médico seja informado a que horas o Acidente Vascular Cerebral começou a se manifestar, o que será decisivo para a condução do melhor tratamento.

Apesar de terem poucas informações sobre os sintomas e a prevenção do AVC, a maioria dos entrevistados (78%) conhece alguém que sofreu um AVC e 50% convivem com essas pessoas. “Mesmo convivendo com quem sofre as consequências do AVC, as pessoas sabem pouco sobre a doença”, constata Simis.

 

Fonte: CFM | Portal Médico